por Hugo Nisembaum
Recentemente, alguns artigos em revistas nacionais chamaram a minha
atenção com títulos sugestivos como “O trabalho perdeu o propósito” e “O chefe
em crise”.
Tanto a busca de sentido no trabalho e o grau de preparação dos novos
chefes são problemas que empresas, chefes e colaboradores vivenciam e procuram
avidamente por respostas.
As formas de fazer negócio mudaram radicalmente, as tecnologias que
usamos e as expectativas de quem entra no mercado de trabalho também, porém as
praticas de gestão de pessoas são as mesmas de mais de 25 anos atrás.
Numa pesquisa realizada pelo Guia Você S/A deste ano, os chefes tiveram
a pior avaliação medida desde que esse estudo começou em 1996. “As questões
relativas à credibilidade e confiança no chefe são as mais criticas”.
Não é de estranhar, já que tanto por necessidades da empresa e
expectativas da nova geração, são empossados em posições de comando
profissionais cada vez mais jovens.
Uma informação muito interessante do Guia Você S/A – As melhores
Empresas para Começar a Carreira nos informa que há 15 anos, os jovens levavam
o dobro de tempo para assumir uma posição de chefia (supervisor. Coordenador ou
gerente). Hoje levam aproximadamente 5 anos.
A mesma pesquisa afirma que o resultado disto é que quem está em posição
de comando tem pouca experiência e baixo grau de autoconhecimento.
Muitas vezes promovemos pessoas com um Grau de Prontidão baixo
para assumir a posição. Com isso, podemos afirmar que queimamos a largada.
Por isso, recomendamos verificar qual é o grau de equilíbrio que existe
entre a busca por resultados, a estruturação do trabalho, a sua abertura a
mudanças e a capacidade de lidar com pessoas. A analise destes 4 aspectos nos
permite direcionar e individualizar a formação necessária de cada chefe.
Ajudá-lo a conhecer quais são as suas capacidades naturais, seus
talentos, que conhecimentos, habilidades e experiências precisam incorporar
contribui para um aumento de autoconfiança e na definição dos objetivos a
perseguir.
Barbara Kellerman, no seu livro o Fim da Liderança afirma que “os lideres e subordinados vão ter
que definir novos acordos. Para isso, os chefes têm de compreender melhor o
contexto em que estão inseridos e entender os empregados que estão tentando
trazer junto de si. Se esses acordos não forem re-estabelecidos, as empresas
vão ter sérios problemas para atrair os jovens e reter seus profissionais mais
experientes”
Trazer junto de si e reter nos leva ao tema Propósito e
Significado do trabalho.
Há uma clara necessidade de estabelecer um novo contrato psicológico, um
acordo que dite as regras do jogo. Num ambiente de mudanças rápidas, é
necessário rever periodicamente este contrato.
As empresas precisam conferir sentido as pessoas que as compõem, ou pelo
menos, dar a oportunidade de buscar e encontrar significado no que fazem.
Num momento em que cada vez mais as pessoas querem e precisam expressar
a sua individualidade e mostrar seu diferencial e como agregar valor, ainda
queremos moldá-las a perfis pré-concebidos.
Isto pode em parte explicar o alto nível de desengajamento identificado
no Brasil.(30 % desengajados, 16 % se sentem desvinculados da empresa e 26 %
não se sentem apoiados por ela).
Muitos exemplos são dados de profissionais que optaram por sair da
empresa e montar os seus próprios negócios como alternativas para encontrar
significados e propósitos no que fazem.
Porém, existe espaço para encontrar sentido no trabalho e rever
propósitos dentro das organizações.
É responsabilidade dos chefes promover o constante engajamento, e
contribuir para que os seus colaboradores possam manifestar o que existe de
melhor neles. Isto com certeza aproxima as pessoas dos seus propósitos e ajuda
a encontrar sentido no trabalho.
Se quisermos estimular o engajamento, devemos dar espaço para que o
desenho e expectativas do trabalho e seus respectivos resultados não seja
exclusivamente um processo top down.
Por isso a importância de promover um Redesenho do Trabalho, convidando o ocupante da posição a propor
melhorias tanto no escopo, tarefas, relacionamentos e com isto aumentar o sentido
e propósito do trabalho, estimulando uma iniciativa down up.
Isto permite uma comunicação mais fluida entre chefe e colaboradores, o
aporte de novas idéias de ambas as partes, e aumenta a noção de propriedade do
trabalho e contribuição ao negócio de quem realiza o Redesenho do Trabalho.
Como afirmamos anteriormente, as formas de fazer negócio mudaram, as
expectativas e a “paciência” dos novos profissionais é proporcional a
velocidade que as empresas querem e precisam dar aos seus processos e as
abordagens de gestão de pessoas precisam acompanhar esse novo tempo.
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