quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Seu chefe sabe jogar xadrez?


Gestão e retenção de talentos são temas que estão interligados de forma intensa e representam um desafio para técnicos de futebol, maestros, cineastas e gerentes de supermercado igualmente.

Antes de mais nada, é preciso reconhecer os talentos, para, em seguida, retê-los e gerenciá-los. E, geralmente, há uma dificuldade inicial. Muitos confundem o que pode ser aprendido (habilidades, conhecimentos) com os talentos naturais de cada um.

Como diferenciar o que pode ou não pode ser aprendido? Um jogo de tabuleiro qualquer pode servir de exemplo.

1 - Qualquer ação no universo de um jogo é habilidade e pode ser ensinada.


2 - Saber as regras, como mover as peças, é conhecimento, e também pode ser ensinado.

3 - Reconhecer a melhor combinação e o momento exato para mover as peças é talento.

Dito isso, o talento representa potencial e só se transforma em desempenho quando bem combinado com habilidade e conhecimento. E, com uma equipe, isso se traduz quando descobrimos o que é único em cada um dos integrantes dela e tiramos proveito disso.

Uma boa gestão de talentos é como um jogo de xadrez, e uma má gestão é como um jogo de damas. A essa altura, você já deve estar pensando: “Socorro, mais uma metáfora desgastada em um artigo sobre gestão!”.

Mas calma: qual a diferença básica entre damas e xadrez?

As respostas mais comuns seriam: “Xadrez é mais difícil” ou “Xadrez é mais estratégico”. Estão corretas, mas qual a razão disto?

A diferença básica é que, no jogo de damas, todas as peças são tratadas da mesma forma, ou seja, todas se movem do mesmo jeito. No xadrez, todas as peças se movem de forma diferente.

Por isso, alguém que se destaca no xadrez deve conhecer o movimento de cada peça, e então incluir os movimentos específicos no seu plano de ataque.

Uma gestão malfeita ou medíocre assume que os integrantes de uma equipe são motivados pelas mesmas coisas, que tenham os mesmos objetivos, desejem o mesmo tipo de relacionamento e aprendam tudo do mesmo jeito.

Isso se concretiza numa prática: quando um gerente baseia seu treinamento nos comportamentos que sua equipe tem dificuldade de adotar e exige que se tornem um hábito para ela. E vai além: chega à forma de elogiar sua equipe, dando mais atenção aos que se esforçaram para abandonar seu estilo natural e adotar comportamentos preestabelecidos.

Levar em conta as diferenças de comportamento e talento implica ajustar constantemente o ambiente, para que a contribuição única, as necessidades únicas e o estilo único de cada indivíduo possam fluir livremente.

É importante estabelecer metas claras de desempenho para a equipe e para cada indivíduo, sempre pensando em como os talentos podem se complementar e contribuir.

Um talento importante de gestão é a individualização, que é a capacidade de identificar as qualidades que singularizam um indivíduo. E então poder alocar as pessoas certas para determinada tarefa, de forma produtiva e prazerosa.

Fazer com que a contribuição flua livremente dá margem para os indivíduos trabalharem criativamente e é daí que surgem inovações na forma de atender, em produtos, em serviços e até na maneira como é estabelecida a distribuição de atribuições da equipe.

Essa fluidez que um bom técnico, maestro, cineasta ou gerente precisa criar vem também do trabalho de conscientizar cada integrante da equipe sobre seus pontos fortes, dando espaço para que estes se manifestem ativamente. Talento precisa de espaço para avançar.



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