por Hugo Nisembaum
Numa das minhas primeiras experiências como consultor no Brasil, depois de uma sessão de treinamento muito dinâmica e interativa, alguém que foi muito participativo ao longo de todo o dia se aproximou e me disse: “desculpe qualquer coisa...”.
Confesso que na hora não entendi. Tentei traduzir essa expressão a outros idiomas e até hoje não achei uma expressão equivalente.
Afinal, o que existe por trás dessa expressão?
-“Errei, me desculpe?”
-“Por me manifestar peço desculpas?”
Estamos tão acostumados a aceitar que deve haver alguma coisa “errada” em nós, na nossa manifestação, que acabamos pedindo desculpas!
A mensagem que estamos enviando ao nosso cérebro é de incerteza.
Sabemos muito bem que a autoconfiança impacta positivamente o resultado e nos encoraja a assumir novos desafios.
Então, porque pedir desculpas?
Hoje sabemos que a comunicação afirmativa tem impacto na construção de relacionamentos positivos.
Esta provado por pesquisas que para equilibrar um feedback negativo precisamos pelo menos receber de três a cinco feedbacks positivos.
Você já fez essa conta em relação às mensagens que você envia ao seu cérebro sobre você mesmo?
E as mensagens que você envia aos outros?
Se quisermos realmente acertar, fazer a diferença, certamente a pré-ocupação com os nossos “erros” deve ser encarada de forma diferente.
A vontade tem que estar centrada em “acertar”, em identificar e aproveitar o melhor de mim, dos outros, das circunstancias, para evitar a justificativa de “pedir desculpas”.
É claro que é importante reconhecer os erros, mas a condição de fluir, de manifestar plenamente quem eu sou deve estar muito mais relacionada a conhecer meus pontos fortes e conhecer e estimular os pontos fortes dos outros.
Por tanto, que tal reformular a frase?
Ao invés de dizer “desculpe qualquer coisa...” que tal dizer “espero ter contribuído com o que tenho de melhor...”
Um comentário:
O Stephen Kanitz defende a idéia de que a expressão "desculpe qualquer coisa" vem do período da Inquisição Católica em Portugal, quando as pessoas tinham medo até da sombra.
Pode ser, mas sua abordagem foi muito bacana.
Parabéns
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