por Hugo Nisembaum
Continuando
a discussão iniciada em nosso artigo anterior vamos abordar agora sugestões de
como integrar e complementar o modelo de competências com a abordagem dos
Pontos Fortes.
Uma pergunta muito comum quando apresentamos a abordagem
dos Pontos Fortes:
Se optar pelo modelo dos Pontos Fortes devo “jogar
fora” meu modelo de competências?
A resposta a essa pergunta é: NÃO. Não precisa se
desfazer do modelo de competências que já possui.
Na realidade a abordagem dos pontos fortes
simplifica e complementa o modelo ao separar de forma clara aspectos que podem
ser adquiridos ( conhecimentos, habilidades e experiência) , de aspectos que
dizem respeito mais as Capacidades Naturais ou Talentos das Pessoas.
Mas afinal, qual a diferença então entre Pontos Fortes, Talentos e
Competências?
Talentos são capacidades naturais das pessoas,
quando os manifestamos nos sentimos energizados.
Podemos usar os nossos talentos em maior ou menor
escala- muitas vezes sem nem sequer saber que os estamos usando. Quando esses
talentos se juntam aos conhecimentos, habilidades e experiências e atuam de
forma conjunta, estamos na presença de um Ponto Forte.
Um ponto
forte então, está caracterizado pela soma talentos+ conhecimentos +
habilidades e experiência e esta soma contribui claramente para um desempenho
diferenciado, ou seja alta performance.
Uma competência busca entender o que a pessoa tem
feito ou pode fazer bem e não necessariamente o que faz muito bem e o energiza
e engaja.
Como resultado disso, a manifestação da competência
pode nos levar a um “bom desempenho” e não necessariamente a “alta
performance”.
Competências
são as práticas diárias.
Em muitas organizações, o modelo de competência tem
sido usado para definir as habilidades e atributos que os funcionários precisam
demonstrar. A intenção do modelo de competência era poder definir alta
performance, de forma consistente ao longo da empresa. Lamentavelmente, isto
não tem acontecido na pratica.
·
Competência
não é necessariamente excelência- avaliar e desenvolver os colaboradores em linha com um conjunto de
competências definidos pela empresa pode levar a comportamentos médios ao invés
de alto desempenho.
·
Competência
não é motivação. É possível
avaliar a competência, porem muito mais difícil avaliar motivação e energia
autentica.
·
Palavras, não
necessariamente ação – para demonstrar as competências numa entrevista e
no trabalho, os colaboradores aprendem a linguagem das competências e as
recitam quando precisam.
·
Falta de
Individualidade- ser
avaliado pelas mesmas competências numa serie de posições pode significar que
as pessoas pareçam muito similares e não possam ser diferenciadas
apropriadamente.
·
O bloqueio (às
vezes) desnecessário da experiência passada – as pessoas podem ser penalizadas se não possuem a experiência
necessária, mesmo que possuam as capacidades. Como resultado, as competências
podem deixar escapar o potencial futuro.
Integrando
talentos com o modelo de competências.
Podemos integrar os benefícios da abordagem dos
Pontos Fortes e talentos com os modelos de competências que as empresas
desenvolveram com muito esforço e trabalho.
Isto se traduz no uso dos talentos como indicadores
mais precisos de pensamentos, sentimentos e comportamentos freqüentes na pessoa
e que podem ser aplicados produtivamente, e desta forma especificar o que
muitas vezes é definido de forma genérica no modelo de competência.
Estes são alguns dos benefícios que a integração
dos talentos com os modelos de competências produzem na pratica:
·
Grau de
Prontidão- Já que a
identificação de talentos não se limita ao que as pessoas têm feito no passado,
são muito apropriados para avaliar pessoas para o futuro, e o grau de prontidão
para assumir novos desafios.
·
Diferenciação
dos indivíduos- tanto os
gerentes como os que selecionam pessoas querem saber como realmente conhecer a
pessoa, ao invés de só ouvir respostas pré-formatadas.
·
Aumento de
especificidade- a
identificação de talentos fornece um nível de sutileza e especificidade que as
competências sozinhas não podem obter.
·
Eficiência e
eficácia- a
identificação de talentos se correlaciona com as exigências especificas da
posição, fornecendo informações relevantes sobre o grau de aderência da pessoa
a posição e permitindo tanto prever desempenho como evitar diagnósticos
genéricos.
·
Desenvolvimento
de uma linguagem comum. – os
colaboradores celebram os seus talentos como características pessoais, os
compartilham com satisfação, diferentemente da linguagem impessoal das
competências da empresa.
·
Aumento da
diversidade- construir
com base nos talentos permite que a organização obtenha o máximo dos perfis das
posições, assegurando ainda que as pessoas preencham os requerimentos mínimos
necessários para o trabalho.
O que fazer
para integrar competências com talentos?
Em primeiro lugar, Pontos Fortes e talentos não
precisam ser vistos como uma ameaça as competências, e sim como uma
contribuição muito significativa ao modelo de competências.
Duas pessoas treinadas igualmente nos mesmos
conhecimentos e habilidades podem produzir resultados diferentes.
Os talentos junto com a experiência são elementos
que contribuem a diferenciação no desempenho. Uma posição na empresa pode
exigir certas competências e que serão melhor preenchidas pela pessoa que
possui o conjunto de talentos que a posição exige.
A performance diferenciada será sempre
caracterizada pela energia e o esforço adicional que advêm quando uma pessoa é
desafiada a manifestar seus Pontos Fortes numa atividade significativa e
importante.
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